Relação sexual sem proteção é fator de risco para a Doença Inflamatória Pélvica
Mulheres que não tomam o cuidado de se proteger na hora da relação sexual pode desenvolver a Doença Inflamatória Pélvica (DIP), que pode levar à infecção das tubas uterinas (salpingite). A estimativa é que em 85% dos casos, a DIP é causada por micro-organismos sexualmente transmissíveis. Segundo dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), uma em cada quatro mulheres com a doença irá ter sequelas em longo prazo, incluindo a infertilidade.
De acordo com o ginecologista Edvaldo Cavalcante, a Doença Inflamatória Pélvica é uma infecção do trato genital superior, que acontece quando as bactérias ultrapassam o colo uterino, atingindo o útero, tubas uterinas e ovários. “Hoje, sabemos que é uma infecção polimicrobiana, ou seja, vários micro-organismos podem estar envolvidos no desenvolvimento desta condição. Estima-se que 70% das infecções genitais são causadas por Clamídia, Gonococo, Mycroplasma e Ureroplasma”, comenta o especialista.
No período menstrual e logo após a menstruação, o colo uterino apresenta uma abertura maior, há maior fluidez do muco cervical e contrabilidade uterina. Essas três características podem facilitar a ascensão das bactérias para o endométrio, tubas e ovários. Inicialmente, a DIP irá causar uma endometrite, ou seja, infecção do endométrio. Quando não tratado, o problema pode evoluir para a salpingite (infecção nas tubas), abscesso tubo-ovarino e, em alguns casos, para uma peritonite pélvica. Conforme o ginecologista, até 40% das mulheres que apresentam infecção gonocócica ou por clamídia, se não tratadas, poderão apresentar um quadro de salpingite aguda.
“Isso que pode acarretar na formação de aderências, que contribuem para a ocorrência de possíveis complicações, tais como dor pélvica crônica, infertilidade por fator tubário e gravidez ectópica [fora do útero]”, comenta Edvaldo Cavalcante.
As manifestações clínicas da Doença Inflamatória Pélvica são muito diversificadas e isso pode atrasar o diagnóstico. Outro ponto é que algumas mulheres são assintomáticas e só descobrem o problema ao tratar a infertilidade. “A dor pélvica é uma manifestação importante, assim como corrimento vaginal amarelado ou esverdeado, odor vaginal forte, dor abdominal abaixo do umbigo, febre e dor durante o exame ginecológico. Algumas mulheres podem ainda apresentar sangramento uterino anormal, dispareunia [dor na relação sexual] e dor ao urinar”, esclarece o ginecologista.
Tratamento
Após o diagnóstico adequado, o tratamento geralmente é clínico com uso de analgésicos e antibióticos. Entretanto, quando não há resposta do organismo à terapia medicamentosa, pode ser necessário realizar abordagem cirúrgica – videolaparoscopia – para drenar possíveis abcessos tubo-ovarianos. “Os abcessos que se formam nas tubas e nos ovários podem se romper, disseminando a infecção para outros locais, o que é uma emergência médica”, comenta o especialista.
Edvaldo orienta que a melhor prevenção é usar o preservativo em todas as relações sexuais e procurar diminuir o número de parceiros. Também é fundamental que as mulheres na faixa etária de risco (até 25 anos) consultem o ginecologista regularmente.