Opção pelo congelamento de óvulos e embriões deve ser avaliada pelas mulheres para preservação da fertilidade
O último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que a idade avançada é o principal obstáculo para maternidade nos países desenvolvidos. Já uma pesquisa realizada nos Estados Unidos mostra que 42% das mulheres mais bem-sucedidas do país ainda não têm filhos aos 40 anos de idade e que apenas 14% das mulheres que concluem a faculdade já são mães.
O que ambos mostram é que cada vez mais as mulheres priorizam os estudos e o trabalho (crescimento profissional, estabilidade financeira etc.) antes de se decidir por ter um filho. O problema dessa decisão é que muitas delas terão dificuldades para engravidar com a idade avançada, principalmente após os 40 anos. E para os especialistas em reprodução humana, o fato mais preocupante é que a maioria das mulheres acredita que conseguirá engravidar após os 40 anos sem dificuldades.
Como forma de facilitar a gravidez após os 35 anos – a partir dessa idade, as chances de engravidar caem para algo em torno de 30%; até os 32 anos, as chances são de 50% a 60% –, a recomendação é de que as mulheres, quando jovens, avaliem, junto ao médico, a possibilidade de congelamento de óvulos e embriões para preservar a fertilidade. Assim, no futuro, a mulher poderá usar os óvulos congelados em tratamentos para engravidar.
Congelamento de óvulos
Primeiramente, é feita a indução da ovulação a partir do segundo ou terceiro dia da menstruação. Isso fará com que no dia da coleta tenha muitos óvulos – a partir de nove ou dez dias após a medicação. A coleta de óvulos é realizada por meio de aspiração a vácuo guiada por ultrassom. A paciente permanece sedada durante o procedimento.
Há dois métodos para congelar os óvulos: o lento e o rápido. O método lento consiste em diminuir a temperatura gradualmente. O rápido, também conhecido como vitrificação, o óvulo é submetido à baixa temperatura de forma abrupta. A vitrificação, aliás, é o método mais utilizado atualmente, pois evita a formação de cristais e, assim, faz com que o resultado da recuperação do óvulo/embrião seja maior. Por fim, os óvulos são vitrificados em nitrogênio líquido e estarão à disposição da paciente no futuro quando quiser engravidar.
Congelamento de embriões
Neste método, os óvulos são fecundados pelo espermatozoide em laboratório e, posteriormente, congelados da mesma maneira como os óvulos. No caso, é necessário um parceiro masculino ou banco de sêmen para a fertilização. É um procedimento de rotina em clínicas de reprodução.
Descongelamento
No caso dos óvulos, o descongelamento deles e a fertilização acontecem no mesmo dia. No dia seguinte, os embriões já vão sendo preparados e, de três a cinco dias, a paciente receberá os embriões. No caso dos embriões, eles são descongelados e, em seguida, transferidos para o útero da paciente.
Geralmente, são utilizados dois embriões no tratamento. E uma vez iniciada a gravidez, a chance de ser única é de 80% e de ser dupla (gêmeos) é de 20%. É importante ressaltar que, quando congelados, os óvulos e os embriões ficam com a “idade” da época da coleta. Isso significa que a mulher que congela seus óvulos aos 30 anos e decide engravidar aos 40 anos terá as mesmas chances de engravidar de dez anos antes.
CFM
Segundo recomendação do Conselho Federal de Medicina (CFM), a gestação por reprodução assistida deve ser realizada até os 50 anos de idade. Porém, uma resolução aprovada em 2015 pelo CFM dá autonomia às mulheres com mais de 50 anos a se submeter a tratamentos de fertilização in vitro (FIV) ou de inseminação artificial, não sendo necessária mais autorização do CFM. Nessa resolução também ficou definida a idade máxima para doação de óvulos, que é de 35 anos, e de espermatozoides, que é de 50 anos.