A maternidade após os 40 anos
Fonte: Blog Saúde – Acessada em 14/05/2019
A gravidez de mulheres acima dos 40 anos não causa mais espanto. Muitas mulheres que já passaram desta idade afloram seu instinto maternal, seja para o primeiro filho ou depois de já terem sido mães há algum tempo, ou simplesmente engravidam sem planejar. Foi o que aconteceu com a bancária Ana Sueli Almeida, que engravidou 16 anos depois da segunda gestação. Com 44 anos, ela deu à luz ao Thiago. “Não programei. Pelo contrário, eu e meu marido tínhamos outros planos, mas fiquei grávida. Então, foi uma mistura de sentimentos muito grande, fiquei feliz e preocupada com a questão de saúde. Mas como já havia sido mãe, eu estava de uma certa forma pronta”, conta, com sorriso no rosto.
A gravidez em qualquer idade tem vantagens e desvantagens. Não há como negar que as chances de engravidar após os 40 anos são muito menores, a reserva de óvulos diminui significativamente com a idade. Além disso, os óvulos mais velhos são mais propensos a desenvolver problemas, aumentando o risco de aborto e anomalias ao nascimento. A mulher também possui mais chance de ter pressão alta, diabetes ou outras doenças que agravam ainda mais o risco da gestação.
Sueli conta que teve um pequeno susto no começo da gestação do Lucas. “O primeiro exame a translucência nucal deu alterada, que parecia a ausência do ossinho nasal, na época falava da síndrome de Down. Mas depois de alguns exames específicos, vimos que estava tudo bem”, relembra.
Ana Sueli teve preocupações e mais surpresas. Sim! Depois do Thiago, já com 47 anos, veio o Lucas. “Pronto! O susto tomou conta de mim, eu tinha vergonha de dizer que estava grávida e o medo, porque eu já tinha experiência do Thiago com relação a essa questão da saúde do bebê, da possibilidade de síndrome. Com essa idade, 47, eu já não tinha mais certeza”, relata.
Gravidez de risco
O gerente do Serviço de Medicina Fetal do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Fernando Maia conta que é importante observar alguns fatos importantes com a gravidez nessa idade. “Uma gestante com mais de 40 anos é sempre considerada de alto risco. Essas pacientes são mais propensas às doenças pré-existentes que complicam a gestação como obesidade, hipertensão arterial, doenças da tireóide, diabetes, etc. Possuem ainda maiores riscos inerentes à gestação, como aborto espontâneo, síndrome de Down, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, parto prematuro, macrossomia, anomalias placentárias, gestação múltipla, natimortalidade e crescimento intra-uterino restrito”, explica.
Segundo Maia, algumas dicas são importantes para diminuir a probabilidade de complicações. “Caso exista qualquer condição médica pré-existente, discuta a gravidez com o seu médico para descobrir se a doença está controlada e como a gravidez pode afetar sua condição de saúde”, ressalta.
A maternidade nesta idade é um fenômeno que não podemos ignorar. Hoje é possível contar com mais informações e com profissionais de saúde cada vez mais preparados. “A gestante deve buscar informação sobre o aumento do risco de doenças genéticas, malformações e outras complicações gestacionais. Outro ponto importante é procurar informações sobre os testes que ela poderá fazer durante a gravidez para identificar estas complicações”, conta Maia.
A maternidade fica mais madura
Segundo Ana, mesmo sem escolher ter filhos em uma idade mais avançada, isso permitiu a ela ter uma visão diferente e mais responsável sobre a maternidade. “Você fica mais tolerante, mas tem que ter cuidado com essa com essa tolerância, pela questão da necessidade do limite, e eu não perdi. Mas, hoje, aproveito mais meu tempo com eles, pondero as brigas. Acho que isso tem a ver com a maturidade”, conta ela com brilho nos olhos.
Pelo olhar dela, as mães mais velhas têm melhores habilidades maternais porque são menos impulsivas. “Quando você é mais nova vai dançando conforme a valsa, com o tempo fiquei com os pés mais no chão, tem mais habilidades e principalmente mais paciência”, avalia.