Brasil busca reduzir casos de gestações múltiplas em tratamentos de reprodução assistida
O Brasil vem reduzindo o número de embriões transferidos durante os tratamentos de reprodução assistida em busca de uma taxa menor de gestações múltiplas. O último Registro Latino-americano de Reprodução Assistida indica um aumento em 50% no número de ciclos realizados no Brasil com apenas um embrião. Os casos no qual é feita a transferência de dois embriões foram de 30%, em 2000, para 80% em 15 anos. Essa é uma conquista em busca de maior segurança para os pacientes já que uma gravidez de gêmeos, ou mais bebês, leva a riscos para a futura mãe e para os filhos.
De acordo com Adelino Amaral, diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, essa conquista vem sido alcançada devido ao aperfeiçoamento das técnicas e o avanço tecnológico na medicina. “Os centros devem aprimorar suas técnicas de seleção embrionária para escolher os embriões com maior probabilidade de gerar uma gestação. Com isso, aos poucos, estamos conseguindo reduzir as gestações múltiplas, principalmente triplas ou de mais fetos”, explica.
Ainda para o médico, o objetivo dos tratamentos de reprodução assistida deve ser a realização do sonho de ter um filho com o mínimo de riscos possíveis para a saúde do bebê e da mãe. “O nosso foco é obter uma gestação única, evitando assim a possibilidade de morbidade materna e neonatal. Na mulher, a gravidez múltipla leva a maior incidência de diabetes na gestação, pré-eclâmpsia (hipertensão) e parto prematuro. Os bebês comumente nascem antes do tempo e com baixo peso. Por isso, muitas vezes necessitam de terapia intensiva neonatal em unidades hospitalares ”, indica o especialista.
Por que dois ou mais embriões são transferidos na reprodução assistida?
Em tratamentos de fertilização in vitro, quando é feita a transferência de apenas um embrião, as chances de gestação são de 25%. Para aumentar este índice, a medicina de reprodução assistida transfere mais embriões. “A boa notícia é que, após análise rigorosa de dados coletados dos centros de reprodução assistida da América Latina, observou-se que a probabilidade de gravidez quando se transfere ao útero dois ou três embriões em mulheres com menos de 40 anos, é a mesma. Ou seja, para que usarmos mais embriões, que aumentam a taxa de gestação múltipla, se a efetividade é a mesma?”, esclarece Adelino Amaral.
A resolução de reprodução assistida do Conselho Federal de Medicina, atualizada no dia 10 deste mês, limita o número de embriões a serem transferidos para o útero de acordo com a idade da mulher:
• 2 embriões para mulheres até 35 anos;
• Até 3 embriões para mulheres de 36 a 39 anos;
• No máximo 4 embriões para mulheres com 40 anos ou mais.
Fonte: SBRA